Política

Sem dinheiro, partidos tiveram que demitir e renegociar dívidas

Além de dívidas trabalhistas e demissões, partidos podem ter redução no repasse mensal em 2019


Ex-governador Zeca do PT foi quem começou as demissões no ano passado, para reduzir custos (Foto: Arquivo)

Com dívidas fiscais, trabalhistas e de campanha, alguns partidos tiveram que tomar medidas drásticas no ano passado e começo de 2019 para tentar “equilibrar as finanças” e desta forma planejar “sair do vermelho”. Os gastos mensais com funcionários e até com o escritório tiveram que ser cortados. Outra preocupação é a redução dos repasses federais, devido ao mau desempenho nas urnas.

Quem começou a “puxar a fila” foi a direção do PT, que em julho do ano passado demitiu oito dos nove funcionários do diretório, porque a parcela do fundo partidário ficou suspensa por 11 meses, devido a falta de prestação de contas na campanha de 2010, do ex-governador Zeca do PT.

Foi justamente Zeca que fez as demissões, ao assumir a direção estadual do PT, que não tinha recursos para pagar a folha mensal dos funcionários e sequer a rescisão e os direitos trabalhistas após a demissão. “Estamos agora organizando a casa, já fizemos acordos com a maioria dos funcionários (demitidos), faltando pagar o FGTS de apenas dois”, confidenciou a tesoureira do partido, Kátia Guimarães.

Ela garantiu que o partido renegociou as dívidas com INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), imposto de renda. Sobre a campanha eleitoral, disse que foi modesta e que ficou pouca dívida. “Sobrou apenas com advogado e parcelamento com gráficas, que estamos pagando”.

Devido à falta de dinheiro e ações trabalhistas, segundo a tesoureira o partido ficou com apenas dois funcionários. “Um da secretaria de organização e outro da limpeza, já que mesmo com a volta do repasse, temos parcelas significativas a pagar. Agora estamos pé no chão”.

O PT também não teve bons desempenhos nas urnas, reduzindo sua bancada federal de dois para um representante e a estadual de 4 para 2. “Neste sentido teremos apenas o efeito nacional, porque diminuímos como bancada, mas sobre o repasse local o que conta é o número de delegados na direção nacional, que estamos bem representados”. A ordem no PT é poucos gastos, devido a situação modesta.

Deputado estadual Neno Razuk, novo presidente do PTB (Foto: Assessoria/ALMS)Deputado estadual Neno Razuk, novo presidente do PTB (Foto: Assessoria/ALMS)

Dever de casa - Outro partido preocupado com as finanças é o PTB, já que a legenda não cumpriu a meta de eleger ao menos um deputado federal, o que vai influenciar no repasse mensal, da direção nacional. Mesmo garantindo não ter “dívidas de campanha”, existem pendências trabalhistas, além dos gastos mensais que precisam ser resolvidos.

“Precisamos sanear as dívidas e ter recursos para gastos mensais, infelizmente não fizemos o dever de casa, a direção nacional vai dar prioridade (recursos) para os estados que elegeram representantes”, explicou o novo presidente regional, o deputado Neno Razuk (PTB).

Ele disse que será apresentado um projeto à direção nacional, para não perder recursos. “A nossa bancada reduziu pela metade, em MS não elegemos deputado (federal), por isso o diretório foi dissolvido e feito um novo provisório. Nossa meta é eleger mais representantes daqui para frente”.

Além de não ir bem às urnas, o partido ainda perdeu o senador Nelsinho Trad, que foi para o PSD. Razuk disse que vai avaliar internamente os gastos e condução da campanha, para saber por que não houve bom desempenho dos candidatos à Câmara Federal. “O foco agora é as eleições municipais, temos que ampliar os eleitos, por enquanto dispomos de 44 vereadores e um prefeito”.

Ex-deputado e tesoureiro do MDB, Junior Mochi (Foto: Arquivo)Ex-deputado e tesoureiro do MDB, Junior Mochi (Foto: Arquivo)
 

Corte de gastos – Seguindo o mesmo caminho, a direção estadual do MDB resolveu demitir todos os funcionários em janeiro. O partido não conseguiu eleger nenhum deputado federal, além de reduzir a bancada estadual de sete para três integrantes. Perdeu a disputa ao governo e não reelegeu ao senador Waldemir Moka (MDB).

“Não sabemos qual será o corte no repasse mensal, que vai ser definido neste final de fevereiro. Por isso resolvemos antecipar e demitir todo mundo. Depois de sabermos nossa capacidade financeira, faremos algumas recontratações”, disse o tesoureiro do partido, o ex-deputado Junior Mochi (MDB).

Ele ponderou que o “corte” será inevitável por não ter deputado federal eleito, por isso a precaução é por cortar os gastos, para saber que condições o diretório vai ficar. “Já fizemos os ajustes, foram sete funcionários exonerados, agora é aguardar”. Mochi disse que a boa notícia é que não ficou dívida de campanha. “Quitamos tudo, além disto, já pagamos a rescisão dos funcionários”.

Tranquilos – Outras legendas começaram o ano mais “tranquilos” em relação às finanças estaduais. Lideranças do PSD, PSDB e DEM disseram que as contas estão em dia e que não existem “dívidas” que estejam atrapalhando os trabalhos.

Dentro deste contexto está o bom desempenho nas urnas, para cargos importantes. O PSDB continua como maior bancada estadual, elegeu dois deputados federais e ainda teve a reeleição do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).

O DEM elegeu o vice-governador (Murilo Zauith), dois deputados estaduais e faz parte da gestão Jair Bolsonaro (PSL), com dois ministros de Mato Grosso do Sul. Já o PSD conta com um deputado federal, a vinda de um senador e ainda tem a força política na Capital, com o prefeito Marquinhos Trad (PSD).