De olho na eleição de fevereiro, os candidatos à presidência da Câmara dos Deputados vão intensificar a campanha nas próximas semanas em busca de votos.
Embora vários partidos já tenham declarado apoio a algum nome, a votação é secreta, e os parlamentares não precisam seguir a orientação da legenda. Por essa razão, os candidatos apostam nas chamadas "traições" para virar votos.
A busca por apoio envolve viagens pelo país, acordos por cargos na Mesa Diretora, além de promessas de um maior protagonismo dos deputados na definição da pauta de votações e relatoria dos projetos. Os candidatos também têm investido nas redes sociais, postando e interagindo mais a fim de ganhar mais visibilidade.
A disputa pelo comando da Câmara vai opor dois grandes blocos de partidos. Um desses blocos, capitaneado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), tem apoio do Palácio do Planalto e reúne PL, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, PROS, Patriota, PSC e Avante. O PTB sinalizou que irá se unir ao grupo.
O outro bloco, articulado pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem como candidato Baleia Rossi (MDB-SP) e recebeu apoio de 11 legendas: PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede.
Correm por fora os deputados Fábio Ramalho (MDB-MG) e Capitão Augusto (PL-SP).
Esses são os nomes anunciados oficialmente até o momento. O PSOL ainda não decidiu se terá candidato próprio. O deputado Luciano Bivar (PSL-SP) chegou a lançar pré-candidatura, mas o partido aderiu ao bloco que apoia Baleia Rossi.
Candidaturas podem ser oficializadas até a reta final. O calendário ainda não foi divulgado, mas, geralmente, o prazo vai até a véspera ou horas antes da eleição.
A data exata do pleito ainda não foi definida. Pelo regimento, a eleição precisa ser realizada até 2 de fevereiro, quando os trabalhos têm de ser retomados. O mais provável é que seja no dia 2. A decisão será do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Estratégias
Saiba as estratégias dos candidatos a presidente da Câmara para garantir votos (por ordem alfabética):
- Arthur Lira
Além de líder do PP, Arthur Lira comanda o "Centrão", que reúne os partidos da base aliada do governo Bolsonaro.
Embora seja o candidato apoiado pelo Planalto, Lira tem dito que atuará de forma independente e que, se eleito, irá definir a pauta de votações consultando os partidos. Lira também diz que o atual presidente, Rodrigo Maia, pauta projetos sem ouvir os demais colegas e distribui relatorias de projetos importantes apenas a aliados mais próximos.
A partir desta terça-feira (5), o candidato começará as viagens pelas capitais da região Norte. Ele vai primeiro a Macapá e depois a Belém. Na quarta-feira (6), visita Boa Vista e Manaus e, na quinta (7), Rio Branco e Porto Velho. Nas últimas semanas, Lira se reuniu com a oposição ao governo e com o presidente Jair Bolsonaro.
- Baleia Rossi
Para se contrapor a Lira, Baleia Rossi tem como principal bandeira um discurso de independência em relação ao Executivo. Ele defende uma agenda econômica liberal, favorável a reformas estruturantes, como a tributária e a administrativa, o que lhe rendeu apoio de vários partidos de centro-direita.
No entanto, também conseguiu se aproximar dos partidos de esquerda com o compromisso de garantir o espaço de atuação da oposição no Parlamento, analisando, por exemplo, pedidos de abertura de comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para, eventualmente, investigar ações do governo.
O candidato ainda não divulgou a agenda de viagens, mas aliados dizem que ele pretende começar a rodar o país ainda nesta semana. Nas últimas semanas, Baleia fez reuniões com Rodrigo Maia e partidos da oposição.
- Capitão Augusto
Capitão Augusto tenta construir apoio a partir das bancadas temáticas que atuam na Câmara, como a religiosa. Presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como “bancada da bala”, ele promete priorizar as votações de pautas ligadas à área de segurança e de combate à corrupção e barrar projetos que contrariem a agenda dos religiosos.
"Com o voto secreto, você vota com seus ideais, com suas convicções pessoais. Eu vou contar com as bancadas temáticas, apostando no voto secreto”, diz Augusto, que costuma transitar pela Câmara trajando farda de policial militar.
Ele está se programando para iniciar as viagens na semana que vem. O deputado pretende visitar pelo menos dez estados. O giro começará na próxima segunda-feira (11) no Rio Grande do Sul e seguirá por Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. O roteiro com os demais estados ainda não foi fechado.
- Fábio Ramalho
Fábio Ramalho tem como prioridade a busca de votos no "varejo". Ele diz que tem priorizado conversas individuais durante a campanha. Pelos seus cálculos, já foram contatados 430 colegas nas últimas semanas. Ramalho diz que a candidatura não é "pró" nem "contra" o governo, e que, caso eleito, vai colocar em votação as pautas da esquerda e da direita para que o plenário decida.
Em razão da pandemia do novo coronavírus, Ramalho planeja passar o mês de janeiro em Brasília e investir na campanha pelo telefone e por meio de aplicativo de mensagens.
"Nessa questão de pandemia, eu não acho bom viajar. É o motivo de ficar mais em Brasília. Vamos fazer pelo telefone mesmo", afirma.