A Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul (OAB-MS) publicou uma nota de repúdio contra o 2º Tenente e Comandante da Polícia Militar em Bodoquena, flagrado espancando uma mulher, de 44 anos, algemada.
A OAB alegou em nota que episódio deve ser “severamente apurado, inclusive com o afastamento das funções”. A Polícia Militar disse que foi feito uma análise preliminar das imagens e que o local e os militares envolvidos foram identificados.
O comandante do CPA-3, coronel Emerson de Almeida Vicente, determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM), que é o instrumento legal para investigar fatos dessa natureza.
Gravado pelo circuito interno do quartel da Polícia Militar de Bonito, o tenente aparece agredindo uma mulher que estava algemada. Ele a empurra contra uma cadeira e a desfere diversos golpes.
As pessoas que estavam no local não impediram a agressão. Outro policial entra em cena, mas para segurar a mulher enquanto é agredida. Os socos só são cessados quando uma policial afasta o tenente.
A mulher foi algemada em um restaurante de Bonito e conduzida para a delegacia. A Polícia Militar alegou que a mulher foi detida por ser suspeita de cometer os crimes de desacato, danos ao patrimônio, ameaça, resistência à prisão e embriaguez.
"Teve origem após uma equipe policial militar ser acionada para contê-la, em um restaurante daquele município, após a mesma, supostamente, ter ameaçado atear fogo no local, ameaçado de morte os proprietários e quebrado garrafas dentro do estabelecimento comercial", disse a PM, em nota.
O episódio aconteceu em 26 de setembro, mas o vídeo só foi publicado na noite de ontem (21), pelo jornal MS Notícias. De acordo com o portal, a mulher possui uma filha de 3 anos autista e o policial pediu para que as gravações fossem excluídas após o episódio.
A OAB apontou que a cena não condiz com o que se espera de um Policial Militar, que deve ser sempre de respeito à dignidade da pessoa humana.
"As imagens são estarrecedoras, fortes e somente corroboram, infelizmente, que a violência advinda de onde se espera justamente a proteção, se traduz em banalização e o despreparo do agente para o exercício de uma das funções mais relevantes de Estado que é garantir a proteção e segurança das pessoas, reforce-se, inclusive detidas".
Dois meses após a agressão, o policial continua exercendo suas funções. A reportagem entrou em contato com a delegacia onde o tenente é lotado, mas foi informado de que ele só trabalha em dias úteis.
“A princípio ele é uma boa pessoa, mais do que isso não sou autorizado a falar”, afirmou o colega de trabalho do envolvido.
A OAB finalizou a nota dizendo que esse tipo de conduta cometida, “sempre por uma minoria despreparada, certamente não representa a grandeza da Instituição Polícia Militar de Mato Grosso do Sul”.
-CE