Para o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, as trocas de chefias na pasta e o próprio ritmo de contágio da covid-19 fizeram que aumentasse rapidamente nas últimas semanas os casos da doença no Brasil.
Segundo levantamento exclusivo do G1 junto à s secretarias estaduais de saúde, foram registradas 22.965 mortes provocadas pela Covid-19 e 367.606 casos confirmados da doença em todo o paÃs.
O último balanço do Ministério da Saúde, divulgado neste domingo (24) informa 22.666 mortos e 363.211 casos. O Brasil é o segundo paÃs no mundo com o maior número de casos confirmados da doença, atrás dos Estados Unidos.
" O que a gente viu na troca de ministros foi que quando troca-se a equipe de primeiro escalão, segundo escalão, leva-se muito tempo para que se organize para enfrentar com medidas rápidas o que precisa ser enfrentado. Então eu acho que é uma conjunção de fatores: é a marcha desta doença, o que ela fez no mundo e, associado, claramente, com o nosso sistema que ficou por um tempo andando somente com as secretarias estaduais e municipais e um Ministério ausente nas tomadas de decisão", resumiu em entrevista ao MSV 1ª nesta segunda-feira (25).
"Essa doença é igual ao vento. Começa como uma brisa e vai indo. Chega uma determinada hora que ela levanta e sobe muito rápido [...] O que tÃnhamos no Ministério da Saúde naquele momento era o inÃcio dos casos e aonde nós dizÃamos vamos ficar em casa, vamos parar o contato social, vamos fazer a higiene das mãos, vamos preservar muito as pessoas idosas, vamos construir um plano de manejo para as áreas de exclusão social, no intuito de dar tempo para que o sistema de saúde pudesse aumentar de tamanho. Cada sociedade sabe o tamanho do seu sistema, por isso não adianta ser uma fórmula única para o Brasil. Isso era feito através das secretarias estaduais", falou Mandetta sobre a estratégia de combate ao novo coronavÃrus quando ele estava à frente do Ministério da Saúde.
Ele explica ainda que não se pode comparar a situação da infecção no Brasil com a de outros paÃses, devido ao tamanho territorial. Essa extensão faz com que em haja situações diferentes no mesmo momento em cada cidade.
"Nós somos uma paÃs continental. Não adianta comparar o Brasil com paÃses pequenos. Nós teremos essa doença em diferentes cidades ocorrendo em momentos diferentes. Manaus foi nossa primeira cidade de médio porte que entrou em colapso [...] Depois [o vÃrus] se deslocou. Fez Roraima, Amapá, fez também em Belém do Pará. Depois fez um surto muito grande em Fortaleza e Recife. Quer dizer, o norte e o nordeste foram o cartão de visita da doença no Brasil. Depois ele vai para região sudeste. São Paulo, Rio de Janeiro, que está passando por estresse por desorganização [...] Região Centro-Oeste agora que começa pegar velocidade. Região Sul foi a que melhor se preparou com aumento do número de leitos", disse.
Mandetta fala ainda que o novo coronavÃrus entrou no Brasil trazido por pessoas que chegaram de viagem à Europa e por turistas desse continente. Citou ainda que Mato Grosso do Sul é o estado com os melhores números da doença porque "teve mais tempo para aumentar o seu sistema de saúde, organizar seu sistema de saúde".
Para Mandetta, a situação de Guia Lopes da Laguna, cidade com uma das maiores incidências de covid-19 no Brasil, pode ser resolvida com diálogo. " Ter uma conversa muito aberta, muito franca. As pessoas entendem quando você explica, orienta fala e mostra. As pessoas entendem e tendem a seguir as orientações. Precisa ter bastante diálogo. A cidade não é grande. Então os casos podem e devem ser monitorados. Deve ser feito isolamento sob orientação da vigilância. É possÃvel fazer vigilância dos contactantes. Dá para fazer inclusive em Jardim. E orientar as cidades entorno, que passem a considerar pessoas que moram em Guia Lopes como um possÃvel ponto de contágio".
"Esse vÃrus já deu mostras mundo a fora, aqui no Brasil, que ele não negocia com ninguém. Ele não é camarada. Não é bonzinho com ninguém. Tem que medir diariamente. O que a gente faz hoje, dia 25 de maio, o comportamento de hoje, vai se refletir daqui duas semanas", finaliza.
A secretaria estadual de Saúde (SES) de Mato Grosso do Sul confirmou nesta segunda-feira (25) mais 99 casos de covid-19, o que elevou para 1.023 o total de registros do estado. Outros 214 casos suspeitos aguardam o resultado de exames do Laboratório Central e 17 pessoas morreram em razão da doença.
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