Alvos da Operação Piromania, deflagrada em 5 de maio, policiais militares suspeitos de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital) tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Alexandre Antunes da Silva, da Vara da Auditoria Militar. O juiz acatou a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) contra os militares, acusados de corrupção passiva e falsidade ideológica.
Um sargento, um cabo e três soldados da PolÃcia Militar foram denunciados após a Operação Piromania. A investigação aponta que em 12 de março de 2019, a equipe policial chegou a abordar dois rapazes que estariam fazendo serviço de batedores para uma carga de droga na Rodovia MS-162, mas por meio de um acordo de propina não os prenderam.
Na versão dos policiais, a carga de maconha foi encontrada em uma Fiat Strada abandonada pelo motorista e os dois suspeitos, que estariam fazendo serviço de batedores, não apresentaram motivos para a prisão. A investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) mostra que os dois homens são integrantes do PCC e têm passagens por tráfico, homicÃdio e formação de quadrilha.
Naquele dia 12 de março, a equipe policial foi até as proximidades de Maracaju, a partir da denúncia de que ocupantes de um Gol branco seriam batedores daquela carga de maconha transportada no Fiat Strada. A picape foi encontrada abandonada, mas o motorista e passageiro do Gol foram localizados. Segundo relato dos militares, eles foram liberados por não demonstrarem envolvimento com o crime.
O Gaeco, no entanto, revelou que os rapazes foram levados até o batalhão, onde foi feito o acerto de propina para que não fossem presos. Por distorcerem informações no boletim de ocorrência, os policiais foram denunciados pela falsidade ideológica. Chama atenção dos promotores que não foi realizado procedimento padrão pelos policiais, uma vez que o carro usado pelos suspeitos tinha registro de busca e apreensão.
Além disso, a dupla já tinha histórico com várias passagens e mesmo assim os militares alegaram que não viram motivos para a prisão.
Interceptação telefônica
A partir das investigações, foi solicitada interceptação telefônica dos suspeitos de tráfico de drogas. Quando foram abordados pelos policiais militares, um dos rapazes já estava sendo monitorado pela participação na receptação de veÃculos furtados, que eram trocados por droga no Paraguai a mando do PCC.
Em 22 de março, foi interceptada conversa entre o rapaz e um comparsa, lamentando a apreensão da Fiat Strada carregada com a droga. Já em 17 de abril, um dos integrantes da rede criminosa teria criticado o rapaz por não ter pago o valor prometido aos policiais militares. Um dos oficiais teria inclusive procurado o traficante, cobrando recebimento de R$ 5 mil.
As investigações resultaram na prisão dos policiais em 5 de maio, sendo que um deles morava em Sidrolândia e os outros em Campo Grande. Eles também já tinham sido alvos da Operação Ave Maria, em setembro de 2019 e segundo o site Região News três deles foram condenados em abril. No entanto, todos foram absolvidos da acusação de terem exigido propina para liberarem uma carga de contrabando em 2018.
Foram expedidos 20 mandados de prisão preventiva, 13 mandados de prisão temporária e 22 mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos em Campo Grande, Coxim, Bela Vista e Sidrolândia. O foco da operação era a organização criminosa de membros do PCC, que praticavam tráfico de drogas, além de porte ilegal de arma e lavagem de dinheiro.
Segundo o Gaeco, os investigados inclusive tinham fotografias queimando dinheiro do tráfico. Nas investigações foram feitas 13 prisões em flagrante, além da apreensão de drogas, R$ 100 mil e pacotes de cigarro contrabandeados.