Saúde

Governo quer acabar com fila da radioterapia em 15 dias

Tratamento acumula problemas que atrapalham no andamento da fila


Desde novembro de 2017, a fila para o tratamento de radioterapia vêm crescendo em Mato Grosso do Sul e hoje 239 pacientes esperam pelo procedimento, segundo a Prefeitura de Campo Grande. Este número era de 277 em julho de 2019, conforme já noticiado pelo Correio do Estado. Demanda que só é atendida pelo Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA), o único do Estado que oferece a terapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), após o rompimento da Santa Casa com a clínica Radius, no ano passado. 

Após cerca de três anos acumulando pacientes e os problemas com clínicas conveniadas, o Governo de Mato Grosso do Sul e a Prefeitura de Campo Grande lançaram hoje o programa Câncer Fila Zero, com o intuito de acabar com a fila de pacientes em apenas duas semanas. 

Cerca de 70 pacientes de Campo Grande serão atendidos no mutirão neste fim de semana, das 7h às 13h. Essa programação deverá se repetir no final de semana seguinte (15 e 16 de fevereiro), com pacientes do interior do Estado. Esta escala de atendimento foi decidida por conta da logística de transporte dos atendidos, segundo explicou o diretor do HCAA, Gustavo Mendes Medeiros, na tarde de hoje (7). 

“O programa atuará em três frentes, a princípio iremos zerar a fila, mas, ao mesmo tempo, terá a disponibilização de consultas e cirurgias, exames e diagnósticos aos pacientes com suspeita de câncer para que seja averiguada a necessidade de radioterapia”, completou Medeiros.

Nesse primeiro mutirão atuarão quatro médicos radiologistas e dois oncologistas, que estarão em contato direto com os pacientes e os acompanharão de perto. Para o prefeito Marcos Trad (PSD), esta ação impede que os pacientes precisem procurar outros lugares para realizar o tratamento. “Município, Estado e o Hospital do Câncer têm um convênio de aproximadamente R$ 24 milhões que é repassado anualmente para o tratamento dessas pessoas com câncer e, com essa iniciativa não haverá mais a necessidade de se deslocar para os grandes centros, como Barretos, para fazer o tratamento, viagem essa que muitas vezes é ainda mais prejudicial para o paciente”, explica.

Segundo o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, a pretensão é que em três meses todos os pacientes já estejam tratados ou em tratamento. “Essa fila é a que já existe na regulação, tanto dos pacientes de Campo Grande quanto do interior; eles foram direcionadas para essa fila em regime de mutirão devido à urgência da situação [...] Nós estamos otimizando os recursos para zerar essas filas. Nós identificamos também uns gargalos, que seriam uns médicos radioterapeutas que poderiam estar com dificuldade na agilidade dessa fila. Todos os pacientes serão contemplados de acordo com aqueles que estiverem cadastrados na regulação”, disse ele.  

Os pacientes que serão atendidos já foram cadastrados em seus respectivos municípios e estão sendo contatados pelas secretarias.

No ano passado, a Justiça julgou parcialmente procedente ação civil pública, movida pela Defensoria Pública, determinando que o Governo do Estado e a Prefeitura de Campo Grande mantenham pacientes na fila de espera para tratamento de radioterapia pelo prazo máximo de 60 dias, sendo indenizados os que esperar um prazo além do estipulado. 

O valor da indenização poderia chegar até R$ 60 mil por danos morais, devido à sentença proferida na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos da Capital. Não há informações se de fato a prefeitura ou governo pagaram alguma indenização já que eles poderiam recorrer da decisão judicial. 

PROBLEMAS 

Quando a Santa Casa da Capital encerrou o convênio que tinha com a clínica Radius, empresa terceirizada que fazia o atendimento de radioterapia, e somente o HCAA passou a fazer o procedimento, o Governo quis “exportar” os pacientes para realizar o tratamento em Dourados, na Oncoclínica, que recebeu isenção de imposto de R$ 750 mil do Governo do Estado para um equipamento usado no tratamento e em troca iria receber os pacientes que precisam da terapia. 

Porém, por conta da falta de subsídios das prefeituras em não oferecer transporte e estadia, a procura não foi bem sucedida. 

 

-CE