O Time Brasil fez bonito nos Jogos Pan-Americanos de Lima (Peru), realizados ente entre julho e agosto de 2019. Embora com menor número de atletas – 485 competiram na capital peruana – em relação às últimas três edições do evento, o país terminou na vice-liderança no quadro de medalhas, com 171 (55 ouros, 45 pratas e 71 bronzes), ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que subiram ao pódio 293 vezes. Foi a melhor colocação do Brasil na história do Pan desde a edição de 1963, realizada em São Paulo, quando também ficamos em segundo lugar.
O Pan de Lima reuniu 6.580 atletas de 41 paises das Américas. Foram 19 dias de disputas emocionantes e histórias de superação. Vamos relembrar agora algumas conquistas marcantes da delegação brasileira.
MEDALHAS INÉDITAS
Ginástica Artística
A modalidade colecionou 11 medalhas. Na prova individual geral (soma das notas de seis aparelhos) teve dobradinha inédita no pódio, com Caio Souza e Arthur Nory, ouro e a prata respectivamente. Nory ainda faturou outras duas medalhas: ouro por equipes e prata na barra fixa. Em cerimônia de premiação organizada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), ele foi eleito o Melhor Atleta do Ano pelo Prêmio Brasil Olímpico.
Outro feito incrível foi o do ginasta Chico Barreto, de 30 anos: ele conquistou três ouros e se tornou o primeiro brasileiro na história a garantir três medalhas douradas na modalidade. Natural de Ribeirão Preto (SP), Chico Barreto venceu as disputas por equipe, na barra fixa e no cavalo com alças - neste último aparelho a medalha também foi inédita para o país.
Vela
As campeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze conquistaram a primeira medalha dourada em Pan-Americanos, na classe 49erFX. A delegação brasileira também faturou outras duas medalhas de ouro com Patrícia Freitas (classe RS:X) e com a dupla Marco Grael e Gabriel Borges (49er). E não parou por aí: foram mais duas pratas com Bruno Fontes (laser standard) e com o trio Cláudio Bierkarck, Gunnar Ficker e Isabel Ficker (lighting). Tivemos ainda dois bronzes com as duplas Samuel Albrecht/Gabriela Nicolino e Juliana Duque/Rafael Martins.
Badminton
O carioca Ygor Coelho conquistou a primeira medalha dourada para o Brasil na modalidade após vencer na final individual o canadense Brian Yang por 2 sets a 0. Além do ouro, a equipe brasileira amealhou outras quatro de bronze.
Triatlo
A modalidade foi ouro, com direito a dobradinha verde e amarela no pódio: Luisa Baptista venceu com o tempo de 2h00m55s na corrida, e Vittoria assegurou a prata ao completar a prova em 2h01m27s.
Boxe
A pugilista baiana Bia Ferreira garantiu o ouro inédito na disputa feminina na categoria até 60kg. A nova geração do boxe brasileiro também faturou duas pratas com Keno Machado (87kg) e Jucielen Cerqueira (57kg), além três bronzes com Abner Teixeira (até 81 kg), Flávia Figueiredo (75kg) e Hebert Conceição (65kg).
Patinação Artística
Estreante em Pan-Americanos, Bruna Wurtz, de apenas 18 anos, conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil. Wurtz somou 103.17 pontos, ficando 11.02 pontos à frente da segunda colocada, a argentina Giselle Soler, campeã em Toronto 2015.
ESPORTES ESTREANTES
Surfe
Logo na estreia da modalidade nos Jogos Pan-Americanos, o Brasil subiu quatro vezes ao pódio. Chloé Calmon (longboard) e Lena Guimarães (stand-up paddle corrida) faturaram ouros; Vinnicius Martins foi prata (stand-up paddle corrida); e Nicole Pacelli, bronze (stand-up paddle wave).
Esqui aquático
Na primeira edição do wakeboard – uma das categorias do esqui aquático - no Pan a brasileira Mariana Nep foi a terceira melhor das Américas e levou bronze. A vencedora foi a argentina Eugênia das Armas e a norte-americana Mary Howell ficou com a prata.
DESTAQUES
Taekwondo
O país teve a melhor performance na história da competição. Do total de sete medalhas, duas foram de ouro, com Milena Titoneli (até 67kg) e Edival Pontes (-69kg); outas duas de prata com Ícaro Miguel (até 80kg) e Talisca Reis (até 49 kg); e também três bronzes com Maicon Andrade (+80kg), Paulo Ricardo (até 58kg) e Raiany Fidelis (até 67kg).
Basquete
Após 28 anos, a seleção feminina voltou a subir no lugar mais alto do pódio, após derrotar os Estados Unidos na final. Já a seleção masculina, ouro na edição de Toronto 2015, ficou fora do Pan de Lima, pois não conseguiu se classificar para o Pan.
Handebol
A seleção feminina chegou ao hexacampeonato no Pan de Lima após uma campanha invicta. Já a masculina levou o bronze.
Levantamento de peso
Fernando Reis, o Montanha, fez valer o favoritismo e se sagrou tricampeão pan-americano na categoria acima dos 109kg ao levantar 410 quilos.
Tênis de Mesa
Foram sete pódios ao todo (dois ouros, duas pratas e três bronzes). Destaque para Hugo Calderano que faturou o ouro nas duplas, ao lado de Gustavo Tsuboi, e depois também se sagrou bicampeão individual ao derrotar na final o dominicano Jiaji Wu. Entre as mulheres, Bruna Takahashi também brilhou: foi prata ao lado de Tsuboi nas duplas mistas, e levou dois bronzes, sendo um no individual e outro nas duplas com Jéssica Yamada.
Canoagem
A modalidade também registrou a melhor participação a história do Pan: foram oito pódios- cinco ouros e três bronzes. Na canoagem de velocidade, o medalhista olímpico Isaquias Queiroz venceu no C1 1000m; também vieram dois bronzes com Ana Paula Verguz (K1 500m) e Vagner Souta (K1 1000m).
No slalon feminino, Ana Sátila faturou o ouro no C1 e também no K1 Extremo; e no masculino Pepê Gonçalves levou dois ouros (K1 E K1 Extremo); e Felipe Borges ficou com bronze (C1).
Judô
O elenco brasileiro faturou dez medalhas, cinco delas de ouro. As conquistas douradas foram de Larissa Pimenta (52kg), Mayara Aguiar (78kg), Renan Torres (60kg) e Eduardo Yudy Santos (81kg).
No dia 9 de agosto, a campeã olímpica Rafaela Silva (57kg) também subiu no lugar mais alto do pódio ao ganhar sua primeira medalha dourada em jogos Pan-Americanos. No entanto, onze dias depois, foi flagrada no exame antidoping, realizado no mesmo dia que ganhou o ouro. O resultado deu positivo para a substância fenoterol, presente em medicamentos contra a asma, que têm efeito broncodilatador. O programa antidoping dos Jogos Pan-Americanos de 2019 determinou a perda da medalha. A atleta aguarda julgamento do caso pela Federação Internacional de Judô (IJF, sigla em inglês).
Atletismo
Número três do ranking mundial, o catarinense Darlan Romani faturou o ouro e ainda quebrou o recorde pan-americano no arremesso de peso ao atingir a marca de 22,07m. Mas quem o viu competindo, nem poderia imaginar o esforço do atleta: Romani quase desistiu da disputa na véspera da prova, ao ser acometido por uma febre alta, consequência de uma infecção na garganta.
A delegação de atletismo conquistou ainda outras quatro medalhas douradas nos revezamentos feminino e masculino do 4 x 100m, nos 400m com barreiras (Alison Santos), na maratona de 10km (Ederson Pereira) e nos 3km com obstáculos (Atobeli Santos). E não parou por aí: o país levou outras cinco medalhas de prata (20km de marcha atlética, lançamento de disco feminino, 100m rasos, 200m e no salto com vara) e quatro bronzes (20km de marcha atlética feminina, lançamento de disco feminino, 100m rasos feminino, e 110m com barreiras masculino) .
Maratona Aquática
Teve dobradinha brasileira no pódio. A multicampeã Ana Marcela Cunha confirmou o favoritismo e faturou o ouro na maratona feminina (10km); o bronze ficou com a gaúcha Viviane Jungblut.
Natação
O Time Brasil fez a melhor campanha das últimas três edições dos Jogos Pan-Americanos ao faturar um total de 30 medalhas em Lima (dez ouros, nove pratas e 11 bronzes), superando a marca de 26 conquistadas nas edições de 2007 e 2015.
A equipe masculina de revezamento 4 x 100m deu show: Marcelo Chierighini, Bruno Fratus, Pedro Henrique Spajari e Breno Correia conquistaram o hexacampeonato na prova, com direito a recorde pan-americano, com o tempo de 3m12s61. Teve também recorde e ouro na prova do 4x200m livre com o quarteto (Luiz Altamir, Fernando Scheffer, João de Lucca e Breno Correia) que completaram o percurso em 7m10s66.
Marcelo Chierighini protagonizou um triunfo incrível ao vencer a prova dos 100m livre, com o tempo de 48s09, oito centésimos mais rápido que o segundo colocado, o norte-americano Nathan Adrian, campeão olímpico dos 100m nos Jogos de Londres 2012, e bronze na Rio-2016.
O fundista Guilherme Costa também foi ouro na prova dos 1500m. Ele completou a prova em 15min09seg99, deixando para trás o norte americano Nicholas Sweetser que concluiu a disputa 5seg06 depois do brasileiro.
Nos 50m livre, foram dois ouros, com vitórias de Etiene Medeiros na disputa feminina, e de Bruno Fratus na masculina.
As outras quatro medalhas douradas foram nas provas de revezamento 4x100m medley misto (Guilherme Guido, João Gomes Júnior, Giovanna Diamante e Larissa Oliveira), nos 200m livre (Fernando Scheffer), nos 100m peito (João Gomes Júnior), 200m borboleta (João de Deus).
-AB