Política

Reinaldo garante que nenhuma das 110 testemunhas citou nome dele em ofensiva da Vostok

Governador participou do desfile de 7 de Setembro em Campo Grande


(Henrique Arakaki, Midiamax)

Demonstrando já ter tido acesso aos autos da ofensiva deflagrada por ordem do STJ (Superior Tribunal de Justiça) como desdobramento da Operação Vostok, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) garantiu que nenhuma das 110 testemunhas citou o nome dele. A fala foi feita após o desfile de 7 de Setembro.

As oitivas ocorreram nesta semana e foram conduzidas por delegados da PF (Polícia Federal) de Brasil resultando em 81 pessoas ouvidas em MS e 15 fora do Estado. Entre elas, estão ex-secretário do Governo, ex-prefeito, a esposa de um atual secretário estadual, além da mãe e irmão do governador.

“Se você tiver acesso aos depoimento das pessoas, das mais de 110, você vai ver que nenhuma fala algo sobre o governadorâ€, afirmou, em entrevista coletiva após o desfile no Centro da Capital. Na avaliação dele, o inquérito seguirá ‘pelo mesmo caminho’ de denúncia anterior que foi arquivada pelo STJ. “Tentaram mostrar uma mentira la atrás, não conseguira, o STJ arquivou por 11 a zero uma denúncia contra mim e essa vai pelo mesmo caminhoâ€, sentenciou.

Ele ainda fez questão de lembrar que a Operação Vostok foi deflagrada em plena campanha eleitoral e mesmo assim conseguiu a reeleição. “Agora recentemente ouviram inúmeras pessoas, mas o que eu tenho dito sempre da minha vida pública é que a verdade sempre prevalece à mentiraâ€, afirmou, em relação à nova ofensiva para apurar denúncia de emissão de notas fiscais frias para encobrir propina paga pela JBS a agentes políticos de Mato Grosso do Sul. 

“Então eu tô muito tranquilo com isso. Agora o dever da Polícia é investigar qualquer um, não só o governador como qualquer cidadão e se tiver alguma culpa tem que punir. Eu tô muito tranquilo porque tentaram o ano passado, não conseguiram e agora mais uma vez eu não tenho duvida que a verdade vai prevalecerâ€, finalizou.

 

A Operação Vostok investiga suposto esquema da JBS, delatdo pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, para pagamento de bois que não eram entregues e nem abatidos, por meio de notas frias, de forma a repassar propina para beneficiários em troca de benefícios fiscais na Sefaz-MS (Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul). Confira a lista dos intimados a prestar depoimento nesta semana:

Como investigados:

  • Daniel de Souza Ferreira;
  • Élvio Rodrigues – Dono da Fazenda Santa Maria, em Corumbá, esteve com o advogado Gustavo Passareli, do mesmo escritório que também acompanhou o irmão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Roberto Oliveira Silva, conhecido como Beto Azambuja, em depoimento na terça. Élvio teria usado dinheiro de propina para comprar as terras, segundo a investigação.
  • Francisco Carlos Freire de Oliveira – pecuarista que segundo os depoimentos dos irmãos Wesley e Joesley Batista, teria emitido R$ 583 mil em notas fiscais falsas, em 3 de novembro de 2016.
  • Ivanildo da Cunha Miranda – delator da Operação Lama Asfáltica, procurou a Polícia Federal em 2017 com intuito de celebrar o acordo. É apontado como suposto operador das propinas envolvendo o ex-governador André Puccinelli (MDB) no esquema. Ele relatou à Polícia que recebia entre os anos de 2007 a 2010 valores mensais entre R$ 60 mil a R$ 80 mil, e após 2011 até 2013, esse valor, em alguns meses, chegava a R$ 220 mil.
  • João Roberto Baird – Dono de empresa de informática em Mato Grosso do Sul e pecuarista, Baird é investigado na Operação Lama Asfáltica e teriam também lavado dinheiro de propina no Paraguai, segundo as investigações.
  • José Roberto Teixeira – o deputado Zé Teixeira (DEM), que é produtor rural e apontado como emissor de notas fiscais “frias†de R$ 1,6 milhão para dissimulação do esquema de pagamento de propina outras empresas do ramo agropecuário e frigorifico. Segundo as investigações, do total de créditos tributários auferidos pela empresa dos colaboradores, um percentual de até 30% era revertido em proveito da organização criminosa investigada.
  • Márcio Campos Monteiro – conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), ex-secretário estadual de Fazenda, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Jardim. Teria emitido mais de R$ 333 mil em notas para JBS em esquema delatado pelos irmãos Wesley e Joesley Batista. Em troca da propina, o Governo teria concedido benefícios fiscais para a empresa.
  • Miltro Rodrigues Pereira – Da Agropecuária Duas Irmãs, é acusado de emitir notas frias no valor de R$ 1.032.229,80, supostamente transferidos ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), segundo decisão pela prisão dele no ano passado assinada pelo ministro Félix Fischer.
  • Nelson Cintra Ribeiro – ex-secretário estadual de Turismo de Reinaldo Azambuja (PSDB) e ex-prefeito de Porto Murtinho. Pecuarista, teria emitido notas acima dos R$ 296 mil, mas garante que vendeu o gado para o abate e que já regularizou a situação junto à Receita Federal.
  • Osvane Aparecido Ramos – ex-deputado estadual, tem fazenda em Dois Irmãos do Buriti e teria emitido notas de R$ 847 mil à JBS.
  • Rubens Massahiro Matsuda – Dono da Safra Agropecuária, de Dois Irmãos do Buriti, que teria emitido R$ 383 mil em notas frias.
  • Zelito Alves Ribeiro – Ex-prefeito de Aquidauana, é ex-coordenador regional do governo tucano, responsável pela interlocução de alguns municípios com o Parque dos Poderes, e teria emitido notas fiscais para a JBS que somam pouco mais de R$ 1,7 milhão e que seriam frias, usadas para, segundo a delação da multinacional, esquentar a propina paga a integrantes da atual gestão do Governo do Estado.
  • Pavel Chramosta – dono do Frigorífico Buriti, em Aquidauana. É apontado como o maior emissor de notas do suposto esquema, somando R$ 12,9 milhões em notas sob suspeita emitidas entre março e julho de 2015. Os delatores indicaram pagamentos a Reinaldo Azambuja por notas frias, além da entrega de R$ 10 milhões em mãos.
  • Daniel Chramosta – Filho de Pavel, é diretor da Buriti Comércio de Carnes, que também fica em Aquidauana. Junto com o pai, comanda a distribuidora de alimentos na cidade.

Como testemunhas:

Empresas

1 – Agríciola Panorama
2 – Agrodinânica Comércio e Representações
3 – Agropecuária Patagônia
4 – Berlim Indústria e Comércio
5 – Center Boi Neroli Comércio de Carnes
6 – Coopsema Cooperativa Agrícola Mista Serra de Maracaju
7 – Edilson Fernandes Leite ME
8 – Frigo-Braz Frigoríficos
9 – Granosul Comercial e Corretora de Grãos
10 – Log Engenharia
11- Nova Estrela Comércio de Alimentos
12 – Rações Bocchi
13 – SDI Informática e Construções
14 – Território do Couro
15 – União Industria de Suplementação Animal
16 – Vera Lúcia Quadros Batista Eireli

Pessoas

17 – Ademar Marin
18-  Almiro Tamashiroquelho
19 – Ãlvaro Boeira
20 – André Luiz Toniasso Leandro
21 – Carlos Wagner Guarita Marquez Filho
22- Cícero Carlos Pereira Diniz
23 – Cláudio Cazuyki Maksuda
24 – Cleoerdes Barbosa Ribeiro
25 – Dagoberto Pereira
26 – Daniel Espinoza Ribeiro
27 – Dulce Elena Cavalli Pereira
28 – Edilene José da Silva
29 – Edilson Fernandes Leite
30 – Edmur Miglioli Junior
31 – Edmur Miglioli Neto
32 – Edson Barbosa de Araújo
33 – Eduardo Flores
34 – Eulálio Abel Barbosa
35 – Eurípes Soares Marques
36 – Fábio Ferreira Amarilho
37 – Fabrício Guirelli Fancelli
38 – Gabriela de Azambuja Silva Miranda
39 – Gerson Leme
40 – Hercília de ANdrade Hildebrand
41 – Hermínio Pitão
42 – Ugo Furlan
43 – Jefferson Rodrigo Bianchini Marques
44 – João Guilherme Monteiro
45 – João Peres Moreno Filho
46 – José Carlos Renosto
47 – José Pereira Damaceno
48 – Lenita Schmit de Oliveira Silva
49 – Leo Renato Miranda
50 – Luciano Reges Damaceno
51 – invetariante do espólio de Luiz Sabain
52 – Manoel Eduardo Pires
53 – Marcus Vinícius Saucedo Perez
54 – Maria Auxiliadora Verlangieri Loschi
55 – Maria Cristina Moraes de Ãvila
56 – Maria Lúcia Barbosa Ribeiro
57 – Maria Thereza Ferraz ALves Ribeiro
58 – Nilson Roberto Teixeira
59 – Odilon Ferraz Alves Ribeiro
60 – Orestes Rocha Netto
61 – Otávio Cyro Boff
62 – Paulo César Beppler
63 – Pedro Pires
64 – Ramão Miguel Machad
65 – Reginaldo Farias Santos
66 – Renato ALves dos Santos
67 – Roberto de Oliveira Silva Junior
68 – Roberto Ocariz de Souza Rosa
69 – Rodrigo Renosto
70 – Rodrigo Escarioti Montemezzo
71 – Ronaldo Vedovato Acosta
72 – Chirlei Suzini de Paula
73 – Silas Paes Barbosa
74 – Sônia Oliveira Rodrigues
75 – Valdir Fancelli
76 – Valdyr Castro Pereira
77 – Wladimir dos Santos Tereza
78 – Zulmira Azambuja Silva

Administradores da seguintes empresas e pessoas:

79 – Pantanal Holdings Ldings
80 – Sucocítrico Cutrale LTDA
81 – Center Boi Neroli
82 – Ayrton Brayan Correa
83 – Luiz Carlos Sussumu Takaoka
84 – Nelsa Maria de Paula
85 – Paulo Henrique Zillo
Investigados
86 – Daniel de Souza Ferreira
87 – Élvio Rodrigues
88 – Francisco Carlos Freire de Oliveira
89 – Ivanildo da Cunha Miranda
90 – João Roberto Baird
91 – José Roberto Teixeira
92 – Márcio Campos Monteiro
93 – Niltro Rodrigues Pereira
94 – Nelson Cintra Ribeiro
95 – Osvane Aparecido Ramos
96 – Rubens Massahiro Maksuda,
97 – Zelito Alves Ribeiro
98 – Pavel Chramosta
99 – Daniel Chramosta
100 – João Carlos Lemes Siqueira
101 – José Ricardo Guitti Guimaro (que será ouvido em 10 de setembro, em Brasília)
Nelson Trad Filho, o 102º da lista, foi relacionado a ser ouvido como testemunha em oitiva a ser marcada. Ele será ouvido na sede da PF de Brasília.