Na rotatória da Avenida Costa e Silva com a Interlagos, os semáforos instalados há um ano solucionaram o problema de fluxo - Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado
Sistema de semáforos inteligentes, vias com onda verde e garantia de fluxo contínuo de veículos, corredores de ônibus, fiscalização por drones. Estas são algumas das ações previstas para o desenvolvimento, nos próximos anos, do trânsito de Campo Grande. Um dos principais investimentos que deve impactar na área é a instalação de semáforos com controlador de tempo real, tudo operado por uma central inteligente que funciona sozinha.
“O controlador fixo, que utilizamos hoje, permite a programação de vários tipos de fluxo e intervalos. E só pode ser mudado se um técnico for ao local fazer a alteração, e daí por diante, um por um dos semáforos. Mas, no caso do controlador real, o equipamento já vem com câmeras, tudo interligado em uma central. Ele opera sozinho, consegue fazer a leitura de um congestionamento e mudar todos os semáforos automaticamente, dando mais tempo para um ou outro e reordenado o fluxo. Faz sozinho, pois tem inteligência para isso, é mais sofisticado e, pela primeira vez na história, será instalado em Campo Grande”, explicou o diretor-presidente da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Janine de Lima Bruno.
A instalação de semáforos em rotatórias foi alvo de críticas na Capital há quase dois anos. Mas o sistema se mostrou eficiente, solucionando os constantes congestionamentos formados em dois pontos principais – no encontro das avenidas Mato Grosso e Nelly Martins (Via Parque) e também das avenidas Costa e Silva e Interlagos.
PROJETO-PILOTO
Mas agora, já com o projeto consolidado, a previsão é de expansão. E as rotatórias da Rua Joaquim Murtinho com as avenidas Ceará e Zahran serão as próximas a serem semaforizadas, porém, com o novo equipamento. O semáforo com controlador real, posteriormente, será instalado ao longo da Avenida Zahran e também na continuação da Rua Joaquim Murtinho, até a Rua Marquês de Lavradio.
Antes das mudanças nos semáforos, a obra nas duas rotatórias já deve contribuir para a solução do problema. “Vamos remover a rotatória da Ceará com a Joaquim Murtinho e fazer alças de acesso em todas as direções. O condutor poderá fazer conversões em qualquer sentido. Na rotatória da Zahran com a Joaquim Murtinho, vamos tirar um pedaço, porque o carro faz uma curva muito aberta e perde tempo. Diminuindo ela, ganha-se fluidez. E ambas serão semaforizadas, com controlador de tempo real, pois não adianta aliviar em uma via e jogar a carga pesada para outra, que vai congestionar e represar o trânsito”, explicou.
A preocupação é que o fluxo seja mais constante na Avenida Zahran. “Ela não tem e nunca vai ter uma via paralela para auxiliar. E ali tem caminhão e ônibus. Muito provavelmente teremos de tirar os caminhões nos próximos anos”.
O custo do projeto por via é de aproximadamente R$ 3 milhões a R$ 5 milhões, com possibilidade de o sistema também ser implantando na Rua Rui Barbosa e na Avenida Afonso Pena.
Outras rotatórias importantes também devem passar por reestruturação. Além das duas anunciadas este mês, a próxima a ser incluída nos planos é a da Avenida Três Barras com a Rua Marquês de Lavradio, e ainda a localizada no encontro das avenidas Tamandaré e Euler de Azevedo. “A Avenida Três Barras é muito importante, mas tem fluxo e é estreita. Precisamos fazer ela andar melhor. Vamos alargar o espaço para aproximação dos veículos e semaforizar. A da Euller com a Tamandaré é bem complicada, deslocada, esquisita. O projeto ali ainda não começou. Mas vamos ter de pensar como fazer. Com certeza, vai ter obra física, semaforização”, explicou Bruno.
FISCALIZAÇÃO
Enquanto a Agetran trabalha para melhorar as vias, a sinalização e outros equipamentos que garantem o fluxo no trânsito, o Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPMTran) planeja atuar na fiscalização com mais tecnologia. Desde fevereiro, um drone passou a ser usado nas ações realizadas em frente às escolas e também nas blitze da Lei Seca. Em aproximadamente seis meses, o equipamento já conseguiu punir 1,5 mil motoristas infratores.
“Em todas as escolas que fazemos a fiscalização colocamos uma placa, nosso veículo fica em lugar visível e, mesmo assim, flagramos inúmeras irregularidades. Condutor parado em fila dupla ou em lugar proibido, como na faixa de pedestre, falta do cinto de segurança e principalmente falando ao celular enquanto dirige”, explica o tenente Everton Myller, responsável pela ação nas escolas.
As irregularidades são as mesmas, mas a forma de flagrar os casos mudou. “Quando a gente fazia a fiscalização pessoal, multava o primeiro e os demais já não cometiam as mesmas infrações. Mas agora, com o drone, acabamos flagrando muito mais”, confirma Myller.
Além do drone, já presente no dia a dia da Capital, a fiscalização por radares também é ponto de preocupação. O comandante do Batalhão de Trânsito, tenente-coronel Franco Alan Amorim, pontua sobre a importância de os equipamentos funcionarem. “Em 2011, foram registradas 132 mortes no trânsito; em 2017, caiu para 70. Mas quando tiraram o radar foi para 87, em 2018. E agora estamos com tendência de queda, com 38”.
O investimento na informatização deverá ser o caminho para otimizar serviços. “O papel vai acabar dentro da fiscalização, é tudo em tablet, interligado. No futuro, não vai mais ter rádio. Estamos usando de forma experimental um sistema de controle operacional de gestão, desde o dia 1° de junho. É desenvolvido desde 2015, com boletim todo informatizado. Isso é economia de recursos humanos, logística. Com isso, vamos gastar menos combustível e os relatórios vão nos apontar as áreas críticas e as ações necessárias”.
Para a próxima década, o maior desafio é confirmar se as ações desenvolvidas terão resultados práticos no trânsito. “Muitas coisas vão influenciar, como a legislação existe, teremos de saber se o motorista será melhor. Eu acredito que sim”, afirmou Amorim.
Entre as principais readequações no trânsito está a semaforização. Com aproximadamente 480 semáforos, 61 foram instalados a partir de 2017, a maioria deles com recursos do Pró-Transporte, programa do Ministério das Cidades. De 2017 até agora, já foram utilizados aproximadamente R$ 12 milhões e a previsão é de que sejam empenhados mais
R$ 30 milhões até o fim de 2020.