Com as queimadas se espalhando por todo o Brasil, Corumbá assumiu a segunda posição entre os municípios com o maior número de focos até quarta-feira (21), com 2.231, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registrando uma diferença de 1.277% em relação ao mesmo período do ano passado, que marcou apenas 162 focos. Atualmente, a cidade está atrás apenas de Altamira, no Pará, que tem 2.358. Em todo o Estado, foram registrados mais de 5 mil focos de incêndio.
Conforme o coordenador estadual do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), programa ligado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Márcio Yule, há focos não controlados em Corumbá, onde a brigada está atuando, sendo eles em Porto da Manga, englobando a Estrada Parque, e na BR-262 e na ponte sobre o Rio Paraguai.
Há dois dias que Corumbá está coberta por uma nuvem de fumaça das queimadas.
A equipe do município é composta por 29 brigadistas e um coordenador. Não chove em Corumbá desde 26 de junho, quando foram registrados 5,6 milímetros de precipitação. A umidade do ar tem ficado abaixo dos 20%, enquanto o recomendável para a saúde é 60%.
Outro ponto crítico, segundo Yule, é Porto Murtinho, onde duas brigadas compostas por índios kadiwéus enfrentam o incêndio. “A gente está mandando cinco pessoas e uma viatura de Corumbá e mandando uma viatura da brigada de Aquidauana para atuar lá [Porto Murtinho] também para ver se conseguimos controlar esse fogo até o fim de semana. [Esses dois pontos] são onde está ocorrendo os maiores incêndios também. A brigada de Corumbá tem atuado de manhã, à tarde e à noite”, disse ao Correio do Estado.
INCÊNDIO NA BOLÍVIA
Conforme apurado pela reportagem, a região oeste está coberta pela fumaça dos grandes incêndios. Além dos “próprios” problemas com o fogo, Corumbá também está enfrentando a fumaça que vem do país vizinho, a Bolívia.
O incêndio que atinge a região da Chiquitania, área de mata do Pantanal, localizado na cidade de Roboré, a cerca de 150 quilômetros da fronteira com Corumbá, há dias tem encoberto o céu corumbaense com escuridão. A área atingida, que engloba cidades como El Carmen Rivero Tórrez, San Rafael, San Ignácio de Velasco San Matías, El Porton (ponto turístico), entre outros povoados, está sendo consumida pelas chamas. As últimas informações já dizem que mais de 500 mil hectares de mata e pasto já foram queimados.
O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), disse que teve uma reunião com a área de segurança pública do Corpo de Bombeiros para franquear o abastecimento de aeronaves no aeroporto de Corumbá para ajudar no combate às chamas na Bolívia.
“Nós temos de ter essa parceria, pois há dois focos grandes ali na região de Corumbá que estão sendo combatidos pelo Ibama com o Corpo de Bombeiros e o PrevFogo, então, é uma integração”, disse, referindo-se ao avião-tanque contratado pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, para ajudar no controle. O “supertanker”, um avião de grande capacidade, é referência em extinção de incêndios.
DEFESA CIVIL
Azambuja ainda determinou estado de atenção do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Estado, tendo em vista o aumento dos focos de queimadas em várias regiões de grandes extensões e de difícil acesso, como o Pantanal e a Serra da Bodoquena, onde se localiza a reserva indígena da tribo kadiwéu.
O coordenador estadual da Coordenadoria de Defesa Civil do Estado, tenente-coronel Fábio Catarineli, informou ontem que as ações compreenderão o monitoramento dos focos em conjunto com o Ibama e um suporte aos municípios onde estarão ocorrendo as queimadas. “Vamos apoiar as Defesas Civis municipais com ações complementares”, disse.
Não deve chover pelos próximos 15 dias em Corumbá e a umidade relativa do ar continua baixa, o que pode contribuir para as queimadas, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No restante do Estado, a estiagem também deve permanecer. No dia 26, existe uma chance ainda remota de chuva em Campo Grande.