Seis trabalhadores rurais indígenas, de aldeias no município de Miranda, estariam vivendo em condições análogas à escravidão em uma fazenda, na zona rural de Corguinho. Um deles, um homem de 50 anos contou que protocolou a denúncia no MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul) após descobrir que a água fornecida vinha de um caminhão que realizava limpeza de fossas.
De acordo com o indígena, ele passou quatro meses na fazenda, e teria ido trabalhar lá após indicação de um conhecido. “Eu cheguei fiquei 3 dias em uma casa, e depois colocaram a gente, eu e mais cinco, em um barraco de lona nos fundos da fazenda', disse.
O trabalhador conta que no local onde ficavam existia apenas um açude para beberem água, que inclusive era usado pelo gado da fazenda. “Tinha um açude lá, eles falaram que a água era limpa, mas não era, tinha urina de gado e eles tomavam água ali também. Era muito suja. Fora o frio e chuva que a gente aguentava no barraco de lona', explicou.
Sobre a alimentação, o indígena contou ao Jornal Midiamax, que eles precisam comprar o que fosse comer, mas nem sempre recebiam o pagamento. “Eu era o mais velho dos seis, então sempre comprava comida quando tinha dinheiro, mas a gente só recebia de vez em quando. Ficamos mais de mês sem receber inclusive, e o responsável da fazenda nem se precisássemos de assistência levava a gente pra cidade', afirmou.
A denúncia foi protocolada no MPT-MS, segundo ele, após descobrir que a água fornecida para que pudessem beber, vinha de um caminhão usado na limpeza de fossas na cidade. “Eu briguei lá um dia com o cara da fazenda pra ele me pagar e resolvi ir embora. Depois descobrimos que a água que a gente bebia tinha procedência duvidosa, ela vinha de um caminhão pipa que eles arrumaram, mas esse caminhão fazia limpeza de fossas. Agora temos que fazer um monte de exame porque a gente nem sabe de onde vinha e o risco que estamos correndo', contou.
Segundo o denunciante, o dono da fazenda mora no Canadá. A reportagem não encontrou nenhum telefone de contato com algum responsável pelo local.
Ao Jornal Midiamax, o MPT-MS informou que recebeu a denúncia no dia 15 de julho e agora o procedimento está em fase preparatória. A procuradora que atua no caso, está realizando a juntada de documentos com previsão de possível instauração do inquérito ainda esta semana.
A equipe entrou em contato com a Funai (Fundação Nacional do Índio) a respeito da situação e aguarda retorno.