A relação entre a enfermidade e a arquitetura pode não parecer evidente, mas está presente em alguns prédios no mundo. Os arquitetos do New York Institute for the Humanities afirmam que por mais bizarro que pareça, a tuberculose era considerada uma 'enfermidade criativa'. Também afirmam que outras enfermidades como a agorafobia, claustrofobia e desordens nervosas em geral causaram grande impacto e influenciaram a arquitetura.

A obsessão pela tuberculose.

Estima-se que no mundo há 10 milhões de pessoas infectadas com tuberculose. No Brasil, há algo como 70 mil casos. Após a descoberta do bacilo de Koch, causador da tuberculose, criaram-se a histeria coletiva mundial contra o escarro. Ela vitíma em igualdade de condições cientistas, poetas, músicos, escritores e monarcas, chegando a interferir no curso político de alguns países. No final do século XIX e início do XX, se estendeu na sociedade ocidental uma obsessão pela tuberculose e pelos meios para combatê-la. Muitas mudanças arquitetônicas ocorreram: higiene extremada, ventilação adequada, aversão ao pó e as paredes tornaram-se brancas. O edifício modelo - totêmico - para essa nova arquitetura influenciada pela tuberculose era o Sanatório para Tuberculosos em Paimio, na Finlândia. Projetado em 1929 com as mudanças, incluia até o arredondamento das uniões entre os muros e os solos para evitar a acumulação de pó, considerado letal para os enfermos.

A vinculação entre a arquitetura e o raio-X.

Tão interessante quanto a vinculação da arquitetura com a tuberculose, é a com o raio-X. Um descobrimento de fins do XIX, os raios-X revolucionaram a forma como os humanos contemplavam a realidade. Mudaram para sempre as noções de interior das casas. Antes hermeticamente fechadas, as residências e muitos escritórios passaram a oferecer total visibilidade. O modelo adotado por todo mundo surgiu com a célebre casa de vidro de Richard Neutra que fazia eco dessa nova visão de mundo. Permitia contemplar desde o exterior as entranhas da vida doméstica, antes ocultas. O paradigma do raio-X avançou a tal ponto que quando entramos em um aeroporto ou prédio governamental passamos a ser escaneados por um aparelho que nada mais é que um raio-X melhorado. Hoje temos outras epidemias influenciando a arquitetura, as alergias estão mudando a maneira como vivemos em prédios.