O promotor de Justiça Ricardo Rotunno constatou uma série de problemas enfrentados por quem trabalha no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Dourados. Ele apurou falta de materiais e medicamentos básicos, local inapropriado para descartes, insuficiência de macas, e até viaturas sem manutenção preventiva, com portas que emperram ou abrem inesperadamente em deslocamentos acima de 60 quilômetros por hora.Â
Esse cenário foi apurado pelo titular da 16ª Promotoria de Justiça da comarca durante diligência realizada na tarde de 6 de fevereiro. Acompanhado de um assessor e de um médico contratado pelo Samu, Rotunno vistoriou a sede localizada na Rua Hayel Bon Faker, número 3720, onde viu situações inadequadas e ouviu relatos preocupantes.
A diligência faz parte do Inquérito Civil número 06.2018.00000850-7, instaurado em março de 2018 para “apurar eventuais irregularidades na adoção de medidas visando a adequação dos gastos com pessoal à lei de responsabilidade fiscal, em prejuÃzo da continuidade de serviços essenciais para a população do MunicÃpio de Dourados'. Na ocasião, a 94FM revelou que o coordenador do Samu alertava para o possÃvel fechamento do serviço por falta de profissionais médicos.Â
De acordo com o auto de constatação obtido pela 94FM, o MPE-MS (Ministério Público Estadual) considerou que a estrutura predial do Samu aparentemente apresenta boas condições de trabalho. Contudo, logo de inÃcio foi apurado que os aparelhos de ar-condicionado instalados em dormitórios foram custeados pelos próprios servidores.
FALTAM MATERIAIS
O médico que acompanhou a diligência relatou que faltam alguns medicamentos e materiais básicos, bem como alguns materiais estariam desgastados e velhos. “Muitas vezes são utilizadas peças de vários materiais com defeitos para montar ou consertar outros', detalha o relatório.
O socorrista informou ainda a falta de macas para as viaturas, principalmente quando o Hospital da Vida as retém por não possuir local para acomodar seus pacientes. Essa situação já foi relatada até por diretores da unidade, em recente ofÃcio com apelo à s autoridades por superlotação. Além disso, pranchas para resgates também deixaram de ser utilizadas por defeitos como falta de amarras.
LIXEIRA INAPROPRIADA
“Outro fato que chamou a atenção é que os expurgos são realizados pelos enfermeiros em um local precário, sendo que alguns materiais com possÃvel contaminação são depositados em uma lixeira inapropriada', descreve o relatório do MPE.Â
É detalhado ainda que alguns dormitórios possuem TV e ar condicionado adquiridos por servidores. “Outros tipos de materiais ou serviços, como uniformes, internet, café e gás de cozinha, já foram ou são adquiridos por profissionais daquele órgão', acrescenta o documento.
VIATURAS
Uma das constatações mais preocupantes diz respeito à frota do Samu. São três viaturas destinadas ao socorro rápido, uma avançada e duas básicas. Foi relatado ao MPE que esses veÃculos não passam por manutenção preventiva, sendo realizada manutenção somente quando quebram.
“Constatou-se que, apesar de estarem funcionando, as viaturas apresentam grande desgastes, faltam alguns equipamentos médicos, os ares condicionados não funcionam, os bancos estão visivelmente desgastados, algumas portas laterais não abrem, sendo que outras traseiras não fecham adequadamente, inclusive ‘abrem sozinhas quando ultrapassa a velocidade de 60km/h’ conforme relatado por um servidor', pontuou o MPE.
Por fim, o auto de constatação descreve que a funcionária responsável pela limpeza da sede do Samu não dispõe dos equipamentos necessários porque não há o fornecimento adequado. Além disso, foram feitas queixas sobre a qualidade da alimentação fornecida pela empresa contratada pela administração municipal.
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