Policial

Em carta, guarda preso com arsenal 'suplica' transferência de cela

Há uma semana, o guarda municipal Marcelo Rios foi preso com arsenal de guerra, guardada em casa no Monte Líbano


Armas apreendidas em casa no Monte Líbano, em Campo Grande (Foto/Arquivo: Clayton Neves)

O guarda municipal Marcelo Rios, 42 anos, preso há uma semana (19) com arsenal de guerra em uma casa no bairro Monte Líbano, pediu transferência da cela do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) para unidade prisional.

Em carta escrita à mão, datada de sexta-feira (24), o guarda municipal “suplica' a transferência para o CT (Centro de Triagem), “pois não me sinto seguro onde me encontro preso, preciso sair daqui urgente'. Desde o dia 21, ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.

A carta foi anexada ao pedido formal de transferência, feito pela defesa de Rios, formada pelos advogados Alexandre Gonçalves Franzoloso, Luiz Renê Gonçalves do Amaral e Márcio de Campos Widal Filho.

No documento, a defesa de Rios recorre à prerrogativa funcional, prevista no artigo 18 da Lei 13.022/2014, em que ele, como guarda, tem direito a cela isolada dos demais presos, quando a prisão acontece antes da condenação definitiva.

Em ofício, o juiz Roberto Ferreira Filho determinou que a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) para providenciar, em prazo de 24 horas, a transferência para estabelecimento penitenciário. 

Não há informações se a transferência foi cumprida no prazo determinado.

Apreensão – Na casa, localizada na Rua José Luiz Pereira, foram apreendidas dois fuzis modelo AK 47 calibre 76, quatro fuzis calibre 556, uma espingarda calibre 12, uma espingarda calibre 22, 17 pistolas, um revólver calibre 357 e várias munições (15 calibre 762, 392 calibre 762/39 – de AK 47 – 152 calibre 556, 115 calibre 12, 539 munições calibre 9 mm, 37 calibre .40 e 12 calibre 45).

Todas as armas estavam em municiadas e prontas para uso. Além disso, foram encontrados silenciadores, lunetas, e bloqueadores de sinal eletromagnético. O aparelho, conforme investigações, tem a capacidade de bloquear o sinal das tornozeleiras eletrônicas.

Segundo informações do delegado Fábio Peró, titular do Garras, a polícia recebeu denúncia anônima na noite de sábado (18) informando que o guarda faria o transporte do armamento.

Rios, segundo depoimento da esposa, trabalha como segurança particular de empresário. Para a polícia, ela afirmou ainda que há alguns meses o marido contou que o filho do empresário perguntou a ele se gostaria de ganhar uma casa. Na data, Marcelo passou em frente ao imóvel e apontou a residência à mulher, que pediu para ele não aceitar a oferta.

Tempo depois, ele voltou a tocar no assunto, desta vez, alegando que estava negociando uma casa na mesma região, do bairro Monte Líbano, mas negou que fosse a mesma oferecida pelo chefe. Durante os últimos seis meses, o mesmo imóvel foi frequentado por Marcelo, a mulher, a ex-mulher e os filhos, em algumas ocasiões, como churrascos e banhos de piscina.

Para a família, o guarda contava duas versões sobre o local: que estava apenas cuidando para o verdadeiro proprietário e que aguardava “arrumar as coisas' para se mudar para lá. Depois de preso, se negou a prestar depoimento à polícia e não esclareceu a verdade sobre a relação dele com o imóvel no Monte Líbano, onde também foram encontradas as armas.