O papa Francisco homenageou hoje (22) os católicos chineses por manterem a fé apesar das “agruras e desafios”, uma referência às restrições de Pequim à religião.
A declaração foi feita a milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a audiência geral semanal, no momento em que o Vaticano e a China se encontram em fase de implantação de um acordo histórico para a indicação de bispos, acertado em setembro.
O acordo dividiu os católicos na China e em todo o mundo, já que alguns críticos do papa dizem que ele cedeu ao governo comunista. O crítico mais duro do pacto é o cardeal Joseph Zen, ex-arcebispo de Hong Kong.
Francisco observou que a próxima sexta-feira (24) marcará um dia santo particularmente comemorado pelos católicos no santuário de Nossa Senhora de Sheshan, perto de Xangai.
“Esta ocasião feliz me permite expressar uma proximidade e afeição especial por todos os católicos da China, que, entre agruras e desafios diários, continuam a acreditar, ter esperança e amar”, disse.
O pontífice também apelou aos católicos chineses para que sempre permaneçam unidos na comunhão com a Igreja universal.
A Constituição chinesa garante a liberdade religiosa, mas desde que o presidente Xi Jinping tomou posse, há seis anos, o governo endureceu as restrições a religiões vistas como um desafio à autoridade do Partido Comunista.
O governo vem reprimindo igrejas clandestinas, tanto protestantes quanto católicas, ao mesmo tempo em que procura melhorar a relação com o Vaticano.
A China vem seguindo uma diretriz que chama de “sinicização” da religião, tentando extirpar influências estrangeiras e forçar a obediência ao Partido Comunista.
As restrições à religião no país despertaram preocupação especial nos Estados Unidos. Em março, durante visita a Hong Kong, o embaixador dos EUA para a liberdade religiosa pediu a Pequim que acabe com a perseguição religiosa.
No mesmo mês, uma autoridade chinesa acusou forças ocidentais de tentar usar o cristianismo para influencia a sociedade da China e até “subverter” o governo, alertando que os católicos do país precisam seguir um modelo chinês de religião.
O papa defendeu o acordo sobre a indicação de bispos, dizendo que ele, e não Pequim, terá a palavra final sobre quem é escolhido.