Da esquerda para direita, o superintendente da CGU, Daniel Silveira e os delegados FabrÃcio Rocha e Leandro Caetano (Foto: PF/Divulgação)
Cinco servidores da SED (Secretaria de Estado de Educação) são alvos da Operação Nota Zero, deflagrada pela PF (PolÃcia Federal) em conjunto com a CGU (Controladoria-Geral da União) nesta quarta-feira (8). Um deles, tem cargo de direção, informou o FabrÃcio Martins Rocha, chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado.
Ele não divulgou os nomes dos investigados e nem das empresas que formariam o cartel para conquistar contratos com a secretaria, segundo ele, porque a apuração é sigilosa. Rocha informou, porém, que são 13 pessoas e 11 empresas alvos da operação.
Os servidores, segundo a investigação, recebiam propina para direcionar as licitações para as empresas participantes do esquema e não fiscalizar o trabalho das construtoras na reforma de escolas estaduais.
Um funcionário público foi filmado recebendo R$ 6 mil de um dos empresários e um fiscal de obras recebia mesada para fazer “vista grossa', revelou o delegado.
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Esquema – Construtoras faziam rodÃzio para vencer as licitações e superfaturavam os contratos para que percentual fosse destinado à s propinas. Para lucrar, empresas recebiam por serviços que não eram feitos ou executados com qualidade inferior à vendida.
A PF também utilizou grampo telefônico e conversas revelaram o “jeitinho' para tirar vantagem dos contratos. Um dos exemplos é o da obra em escola de Jardim, segundo a PF. Telhas que deveriam ser trocadas receberam apenas limpeza e poda de árvores foi contratada, mas já havia sido feita.
Sete licitações e oito obras, orçadas em R$ 9,6 milhões, foram investigadas. Os prejuÃzos para os cofres públicos ainda não foram calculados.
Segundo o superintendente Daniel Silveira, superintendente da CGU em Mato Grosso do Sul, auditorias nos certames revelaram “fortes indÃcios de conluio' entre as empresas.
O mais forte deles é a participação apenas da empreiteira vencedora em três concorrências e de somente duas em quatro licitações. Cada uma das empresas do cartel, segundo a apuração, ganhou um contrato.
Escolas – Os recursos para as obras são do MEC (Ministério da Educação) destinados à reforma de escolas para transformá-las em instituições de tempo integral.
De acordo com a PF, readequações nas escolas Prof. Emygdio Campos Widal, Waldemir Barros da Silva, José Barbosa Rodrigues, Amélio Carvalho BaÃs e Severino Ramos de Queiroz, todas em Campo Grande, foram contratadas por meio de fraude.
Também as obras nos colégios Júlia Gonçalves Passarinho, em Corumbá, Pedro José Rufino, em Jardim, e Padre Constantino de Monte, em Maracaju, são investigadas.
Nota Zero – A operação cumpriu 11 mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira em Campo Grande.
Equipes estiveram na Queiroz Engenharia, que funciona na Rua Vitório Zeolla, no Carandá Bosque, e também na sede da SED (Secretaria de Estado de Educação).
Além de documentos, armas e munições foram apreendidas. Em uma das empresas, a PF recolheu revólver, pistola e 110 munições ilegais.