Policial

PM aposentado é condenado a 23 anos de prisão por morte e racismo

Crime aconteceu em 2014 em um bar do Jardim Colibri, na Capital; acusado também atirou contra dois irmãos da vítima, mas eles conseguiram fugir


João Nereu Nobre, policial militar aposentado suspeito de crime (Foto: Henrique Kawaminami)

O policial militar aposentado João Nereu Nobre foi condenado a 23 anos e 2 meses de prisão pela morte de Isaías da Silva Farias, de 30 anos. O crime aconteceu no dia 15 de abril de 2014 e, nesta quarta-feira (17), após cinco anos, o conselho de sentença considerou o réu culpado pelo homicídio por motivo torpe, injúria racial e pelas duas tentativas de homicídio contra os irmãos da vítima.

Isaías foi morto em um bar do Jardim Colibri, onde estava na companhia de dois irmãos. De acordo com a dona do estabelecimento, Nereu chegou ao local em uma motocicleta, já sob efeito de álcool, e estacionou em cima da calçada. Após pedir para retirar o veículo, o PM aposentado teria se negado e sido irônico com clientes e funcionários.

Depois de pedir para usar o banheiro, o homem ainda teria voltado reclamando das instalações e perguntado aos irmãos o que eles achavam. “Os meninos discordaram e ele ainda falou: pra vocês que são pretos e não tem inteligência, qualquer coisa serve”, revelou a mulher.

Ainda segundo ela, os irmão até tentaram evitar qualquer situação, mas ofendido, a vítima teria empurrado Nereu em certo momento. Depois de ir em casa e voltar armado, o PM disparou contra Isaías, que se feriu na região do peito e um pouco mais abaixo, e os irmão, que fugiram correndo cada um para um lado.

Nenhuma das outras duas vítimas foi atingida pelos tiros. Socorristas chegaram a ser acionados, mas com a demora, os irmão chegaram a levar a vítima de carro para uma unidade de saúde, mas não resistiu e morreu.

A defesa de Nereu chegou a sustentar que a ação teria sido para se defender de agressões por parte dos irmãos, mas durante o júri, a acusação chegou a apresentar a gravação da ligação que o filho do acusado fez para a polícia, logo que o pai chegou em casa para pegar o revólver. De acordo com a promotora, Nereu chegou a dizer ao filho “eu vou fazer uma besteira”, o que indicaria a intenção em cometer o crime.

Seis anos antes de sua morte, um irmão de Isaías também havia sido vítima de injúria racial. Anderson da Silva Faria, de 20 anos, foi morto a tiros em frente a uma padaria do bairro Parque do Sol, na Capital. O acusado de sua morte foi condenado em 2011 a 15 anos de prisão pelo crime.