Justiça

Jurado passa mal e julgamento sobre morte de empresário ex-morador em Vicentina é cancelado

O novo júri foi remarcado para 30 de maio, quando todos os envolvidos devem prestar novos depoimentos


Moon durante julgamento nesta manhã (Foto: Marina Pacheco)

Julgamento do policial rodoviário federal Ricardo Hyn Su Moon, de 49 anos, foi cancelado após um jurado passar mal na tarde desta quinta-feira (11), em Campo Grande. O responsável pela morte do empresário Adriano Correia Nascimento após briga de trânsito volta ao Tribunal do Júri no dia 30 de maio.

O júri de Moon começou ás 8h25 desta manhã, pouco mais de um dois anos de três meses do crime, com os depoimentos do supervisor comercial Agnaldo Espinosa da Silva, 51 anos, e do enteado dele, Vinícius Cauã Ortiz Simões - que à época era adolescente de 17 anos – que estavam na caminhonete com o empresário no dia do homicídio.

Em seguida, o próprio policial foi ouvido pelo juiz e pelos jurados, e mais uma vez relatou ter agido em defesa legítima diante da vítima, que, em suas palavras, estava armado com uma caminhonete de duas toneladas. O julgamento foi parada para o almoço e na volta o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida comunicou o cancelamento do júri.

Segundo o juiz, um dos jurados sofre de ansiedade e hipertensão e começou a passar mal durante o julgamento. Ele foi atendido, medicado, mas não reagiu durante a pausa do almoço e por isso o júri precisou ser adiado.

Para a nova data, 30 de maio, o sorteio de jurados será refeito e no dia todos os envolvidos serão novamente ouvidos. O policial rodoviário federal responde pela morte de Adriano (motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima) e tentativas de homicídio contra Agnaldo (que sofreu fratura ao pular da caminhonete) e Vinícius (baleado nas pernas).

Os depoimentos - No tribunal Moon contou que na madrugada de 31 de dezembro de 2016 cruzou com a Hilux conduzida por Adriano na avenida Ernesto Geisel e depois de uma fechada de trânsito estranhou a caminhonete ter mudado de faixa e se posicionado atrás do seu veículo enquanto aguardava no semáforo vermelho.

“Estava escuro, deserto. Saí do carro para não ficar de costas para o perigo. Ele não precisava ter mudado de faixa', diz. Ele afirma ter se identificado como policial e pedido para que os três ocupantes da caminhonete mostrassem as mãos. Mais perto, disse que verificou estado de embriaguez do trio e decidiu chamar a PM (Polícia Militar).

O policial afirmou que não poderia simplesmente ir embora, sob o risco de incorrer em crime de prevaricação, diante de um condutor embriagado ao volante. Alegou que Adriano queria ir embora e acelerou em sua direção, quando ele se postou À frente da Hilux para fazer uma fotografia da placa usando o celular.

“O Adriano tomou uma atitude drástica contra a minha vida. A partir do momento que acelerou a caminhonete contra mim, me senti com perigo de ter a minha vida ceifada. O Adriano estava armado com uma caminhonete de duas toneladas. Fui vítima de uma tentativa de homicídio', afirma Moon, que foi ouvido por uma hora durante o julgamento, que acontece nesta quinta-feira (dia 11), em Campo Grande.

Bebida e posição – No período da manhã, durante o interrogatório do réu e oitiva das duas vítimas de tentativa de homicídio – Agnaldo Espinosa da Silva e Vinícius Cauã Ortiz Simões, a defesa e a promotoria delinearam duas linhas de atuação.

O advogado Renê Siufi, que atua na defesa do policial, centrou o questionamento no consumo de bebida alcoólica das três vítimas, incluindo Vinícius, que na época tinha 16 anos e relatou ingestão de cerveja e vodka, além de perguntar se os amigos sabiam que Adriano consumia droga, agredia funcionária, caluniou pessoa, furtou energia elétrica e tinha medida restritiva.

Já a acusação questiona a todo tempo o posicionamento do policial na hora dos disparos. A perícia aponta que o atirador estava no vértice esquerdo do veículo, portanto, não na frente da caminhonete. Ricardo Moon conta que pulou para a lateral com intuito de salvar sua vida, em legítima defesa.

A perícia aponta que havia sujicidade (poeira) na calça do policial, mas abaixo do joelho, enquanto que o normal, devido à altura da caminhonete, era que o veículo o tocasse nas coxas. O policial respondeu que sentiu dores acima do joelho.