Policial

Mês da Mulher registrou um feminicídio por semana em MS

Nádia, Edinalva, Carla e Laís foram vítimas dos parceiros ou ex-companheiros


Com 36 golpes, faca usada no assassinato de Nádia chegou a entortar. (Foto: Corpo de Bombeiros de Corumbá)

No mês em que é comemorado o Dia da Mulher, elas não tiveram o que comemorar, muito pelo contrário. O mês se encerra neste domingo (31) com quatro casos de feminicídios em Mato Grosso do Sul, ou seja, média de uma morte por semana, de acordo com as estatísticas da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Outro fato marcante foi o julgamento de Luis Alberto Bastos Barbosa, assassino confesso da musicista Mayara Amaral, caso emblemático e que ganhou repercussão internacional.

Nádia, Edinalva, Carla e Laís tinham histórias diferentes e moraram em cidades distintas, mas todas foram vítimas do mesmo crime. Seja com uso da faca, machado, carro ou até das mãos, elas foram assassinadas pelos parceiros ou ex-companheiros. No mês de março, foram elas. No mês de janeiro e fevereiro, foram mais quatro casos de feminicídio.

O feminicídio é um termo que qualifica o assassinato de uma mulher cometido por razões da condição do sexo feminino após, por anos a fio, a Justiça ser saturada de casos envolvendo torturas, espancamentos, estrangulamentos e inúmeras formas de flagelo contra o “sexo frágil'. Já sobre os casos de violência doméstica, foram mais de 400 casos no estado, conforme dados da Sejusp.

O caso de Nádia Sol Neves Rondon foi o primeiro registrado no mês de março em MS e ganhou repercussão na imprensa por conta da brutalidade do agressor. No dia 10 de março, a professora foi assassinada no dia de seu 38° aniversário com 36 facadas em Corumbá, a 425 km de Campo Grande. A faca chegou a entortar e o ex-namorado dela, Edevaldo Leite, se entregou no mesmo dia do crime. Relatos de amigos da vítima apontam que Edevaldo a perseguia há dias, fazia rondas no bairro onde ela morava e chegou a furar os pneus do carro da professora.

Carla Sampaio Tanan, de 36 anos, foi assassinada após ser atropelada pelo namorado durante uma festa de família na cidade de Caarapó, a 273 km da Capital. O suspeito do crime, Thiago Belatorres de 29 anos, foi interrogado e não demonstrou arrependimento. A perícia constatou que Thiago passou duas vezes com o carro por cima do corpo da vítima. Ele queria voltar para a festa sozinho, já que teria ficado com ciúmes por Carla estar dançando no aniversário.

Já Lais Peres Rodrigues, de 26 anos, foi esganada pelo marido até a morte na cidade de Alcinópolis, a 353 km de Campo Grande. O crime aconteceu no mesmo dia do assassinato de Nádia e Carla. Identificado como João Gomes Olinto, ele confessou o crime e foi indiciado por feminicídio. De acordo com as informações da Polícia Civil, o casal recebeu amigos em casa durante uma festa regada a bebida alcoólica. Quando os convidados foram embora, os dois se desentenderam e ele teria esganado a esposa até a morte.

Uma semana depois, Edinalva Ferreira Melgaço, de 34 anos, foi morta por estar feliz sozinha. O autor do crime, o pedreiro José Cláudio Neres de Melo confessou o crime e disse que não aguentava ver a felicidade da ex-mulher. Edinalva foi morta com quatro golpes de machadinha na cabeça depois de ser perseguida e derrubada de sua motocicleta em Costa Rica, a 384 km da Capital. O filho do casal, que estava como garupa da mãe presenciou o crime.

Caso Mayara Amaral

Um dos homicídios mais emblemáticos de Mato Grosso do Sul nos últimos anos teve, enfim, seu julgamento na última sexta-feira (29). O assassino confesso de Mayara Amaral,  Luís Alberto Bastos Barbosa, de 29 anos, foi condenado a 27 anos e dois meses de prisão.

A audiência que durou 9 horas, foi marca por manifestação dos familiares e amigos da musicista, que foi assassinada em julho de 2017. Ela não foi a primeira, menos ainda a última, mulher assassinada de forma brutal no país. O caso dela, que repercutiu internacionalmente e teve um fim nesta sexta-feira.

Durante o julgamento, a defesa de Luís tentou culpar a vítima afirmando que Mayara teria provocado o seu assassino. “Dois drogados no motel, não deu outra, ela não tinha nada que provocar. Ele queria ir embora, e ela não deixou', falou o advogado. Quem assistia ao julgamento ficou perplexo com a fala da defesa em tentar culpar Mayara pela sua morte.

Com sentimento de justiça, a família da musicista comemorou a condenação. “Apesar de não trazer minha filha de volta, a Justiça foi feita e ele vai pagar pelo crime que cometeu', afirmou a mãe de Mayara, Ilda Cardoso.