Policial

Médico foi morto na frente do filho, mas alvo era piloto do tráfico

Sandro Arredondo acompanhava o filho em treino motocross ontem em Pedro Juan quando pistoleiros chegaram para executar Fernando Calonga, que também assistia ao treino do filho


Médico foi morto na frente do filho, mas alvo era piloto do tráfico

No lugar errado e na hora errada. Para policiais da fronteira, esses foram os motivos para o assassinato do médico paraguaio Sandro Abel Arredondo Lugo, 45, diretor clínico de uma faculdade de medicina em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.

No início da noite de ontem (27), Sandro Arredondo acompanhava o treino do filho adolescente, praticante de motocross, em uma pista localizada no bairro Defensores Del Chaco, bem perto do território sul-mato-grossense.

Também estava no local o piloto de avião Fernando Olmedo Calonga, ex-funcionário do lendário narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, morto em junho de 2016 em Pedro Juan Caballero. Calonga seria o alvo dos pistoleiros.

Pelo menos 12 bandidos armados com fuzil chegaram ao local atirando. O tiroteio durou cinco minutos. O som dos tiros em sequência foi gravado por moradores e postados em grupos de WhatsApp da fronteira.

O médico foi atingido pelos tiros de fuzil porque estava perto do “narcopiloto', como são chamados na fronteira os pilotos de aeronave a serviço do tráfico de drogas.

Policiais da fronteira afirmam que os pistoleiros chegaram atirando para todos os lados. Centenas de cápsulas deflagradas de fuzil foram recolhidas no local.

Em seguida os criminosos fugiram para o lado brasileiro da fronteira em quatro caminhonetes. A pista de motocross onde ocorreu o ataque fica perto do distrito de Sanga Puitã.

Leandro Steinhauser Franco, 35, um dos seguranças de Calonga, também foi morto. Calonga e outro segurança, identificado como Arnaldo Steinhauser, ficaram feridos. Arnaldo é irmão de Leandro.

Após a morte de Rafaat, Fernando Calonga teria passado a trabalhar para outro narcotraficante brasileiro, Jarvis Gimenes Pavão, atualmente recolhido no Presídio Federal de Mossoró (RN).

Essa é a segunda vez que ele escapa de atentado a tiros na fronteira. Em 2015, ele foi atacado por pistoleiros em Pedro Juan Caballero, levou três tiros na cabeça, mas sobreviveu sem sequelas.

Protesto – Alunos dos cursos de medicina em Pedro Juan Caballero fazem protesto nesta manhã contra a violência na fronteira.

A Universidad Autonoma San Sebastian, onde o médico era diretor clínico, suspendeu as aulas hoje para a participação dos alunos no protesto. As outras universidades ainda não se manifestaram. Pelo menos dez mil brasileiros estudam medicina em Pedro Juan Caballero.