Na noite desta sexta-feira (23), o Palco Lua do 23º FIB (Festival de Inverno de Bonito) se transformou em um cenário de pura emoção e nostalgia com a apresentação de Zé Ramalho. Mesmo sob uma fina garoa e com a temperatura em torno de 14 graus, uma multidão de 18 mil pessoas se reuniu para assistir ao show do icônico cantor paraibano, que, aos 74 anos, mostrou toda a força de sua trajetória musical em uma performance que durou uma hora e meia.
Com sua voz marcante e letras que ecoam as vivências do povo brasileiro, o artista trouxe ao palco do Festival de Inverno de Bonito a mistura única de rock’n roll com a música regional que caracteriza sua obra. Inspirado desde cedo por bandas como The Beatles e Bob Dylan, além da Jovem Guarda e da literatura de cordel, Zé iniciou sua carreira no final dos anos 1960, criando um estilo que une a temática social e as tradições do sertão a elementos do rock, resultando em uma identidade sonora inconfundível.
O repertório da noite foi cuidadosamente escolhido para agradar fãs de todas as idades, reunindo clássicos que marcaram sua carreira, como "Avôhai", "Admirável Gado Novo", "Entre a Serpente e a Estrela", Vila do Sossego, "Garoto de Aluguel" e "Chão de Giz". Em um dos momentos mais marcantes da noite, o cantor prestou uma homenagem a Raul Seixas, com as músicas "Gita" e "Medo da Chuva", acompanhado por uma plateia encantada, que cantou os sucessos em uma só voz. Para finalizar, Zé Ramalho surpreendeu o público ao apresentar uma versão mais rock de "A Vida de Viajante", em tributo a Luiz Gonzaga. Em um momento de saudade e reverência, ele declarou: “Que saudade do Gonzagão!”
O show no Festival de Inverno de Bonito refletiu a diversidade e o alcance do cantor, reunindo fãs de diferentes gerações. Lucia Helena, aposentada de Palmeiras, chegou cedo ao evento com seu marido para garantir um lugar na grade. É a segunda vez que ela assiste a um show de Zé Ramalho, a primeira foi nos anos 1990, em Campo Grande. "Eu amo todas as músicas dele. Mesmo 30 anos depois, no meu coração, está tudo do mesmo jeitinho." A fala de Lúcia resume o sentimento de muitos que ali estavam, revivendo memórias e se conectando com a poesia das letras de Zé.
Tereza Orrico, de 70 anos, veio de Jardim e trouxe uma cadeira dobrável para assistir ao show com mais conforto. "Zé Ramalho é uma referência de músico pra mim. Conheço e admiro desde que me entendo por gente. Ele faz parte da minha vida, da minha juventude. Não tenho uma única música preferida, porque todas são especiais. Quando você gosta de uma pessoa, tudo que ela faz é importante."
A plateia também contou com jovens admiradores, como Vitória Rodrigues, que segurava uma plaquinha com o pedido. Sou Vitória, tenho 11 anos e quero ouvir Batendo na Porta do Céu. Ela veio acompanhada pelos avós, e contou que aprendeu a gostar de Zé Ramalho com seu avô Dionel. "Essa é minha música preferida. Estou muito feliz de estar aqui. Sua avó, Cleide Rodrigues, também se emocionou: Fizemos questão de trazê-la porque ela gosta de verdade e nós amamos o Zé Ramalho. Suas músicas têm letra, melodia, e tudo de bom."
- GOVMS