A greve dos caminhoneiros realizada em maio de 2018 e que durou 11 dias, resultou em acordos que baixavam o preço do diesel e determinava valores para o frete. Quase um ano depois, os profissionais afirmam que as condições estão piores e há rumores de uma nova paralisação.
Segundo o presidente do Sindicam-MS (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens no Estado de Mato Grosso do Sul) Osni Belineti, a ação surge entre os próprios motoristas. “A liderança nacional e os sindicatos não recomendam a greve, mas estamos falando que se quiserem parar, que fiquem em casa', disse ele ao Campo Grande News. “Somos totalmente contra a greve neste momento', disse, acrescentando que acredita que o paÃs está passando por uma reconstrução e saindo da crise.
Belineti afirma que o frete está mais baixo que na época da greve do ano passado e fala da falta de fiscalização entre as empresas. “Tem uma tabela de preços, mas ninguém cumpre', alega. Mas, para ele, greve somente em última instância. O Setlog-MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e LogÃstica de Mato Grosso do Sul) afirma que não tem conhecimento do movimento.
Pelos rumores a paralisação começaria no próximo sábado, dia 30 de março. Entre os caminhoneiros as informações também são inconclusas. Ademir Rui, de 50 anos, disse que ficou sabendo pela internet, não tem certeza se vai acontecer, mas acredita não ser necessária a paralisação. Rogério Pagnhunsat, de 51 anos, e Marcos Antônio Ullmann, de 42, concordam com a greve.Â
Rogério e Marcos confirmam a baixa dos valores dos fretes. “Realmente piorou (o frete) e o diesel voltou ao mesmo preço', afirma Rogério que paga R$ 1.500,00 para encher um tanque. Ele também cita a falta de fiscalização e o não cumprimento da tabela de preços. Ainda conta que as empresas ameaçam. “Eles dizem: ‘se quiser vai, senão tem outro que quer’', denuncia.
Marcos exemplifica que o valor do frete para São Gabriel d’Oeste, que fica a 140 quilômetros de Campo Grande, é de R$ 26,00 já incluso o pedágio. Para ele, o frete deveria ser de R$ 45,00 sem contar com o pedágio. “Para fora do estado, está pior ainda', lamenta.
A favor de cruzarem os braços, os dois acreditam que o movimento, se realizado, deve ser pacÃfico. “Só se for bem organizada e se fiquem em casa. Não adianta ficarem em posto ou na estrada porque é ruim pra eles (os motoristas)', diz Marcos.
Para Rogério a última greve foi boa, “mas deu poucos resultados e por pouco tempo. Faltou apoio do governo'. Ele relata que quando o frete aumentou, o ânimo entre os caminhoneiros cresceu, o que fez muitos realizarem investimentos. “Conheço muitos que compraram caminhão e agora estão endividados', comenta.