Geral

Capital do MS teve o janeiro mais seco dos últimos 26 anos

Volume menor que o do mês passado, de 92,6 milímetros, havia sido registrado em 1998, quando foram 72,7 milímetros.
- Imagem Divulgação

Em decorrência do El Niño e com apenas 92,6 milímetros, Campo Grande enfrentou o janeiro mais seco dos últimos 26 anos, conforme o meteorologista Natalio Abrahão Filho. A medição foi feita na estação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) localizada na Embrapa, saída de Campo Grande para Corumbá, região oeste da Capital. 

A média histórica de chuvas para o primeiro mês do ano na cidade varia de 212,6 a 229,2 milímetros, conforme o meteorologista. Estiagem semelhante a deste ano ocorreu em janeiro de 2004, quando foram registrados 93,7 milímetros, o que ainda foi um pouco acima do volume registrado agora. 

Ainda de acordo com Natalio Abrahão, a última vez que Campo Grande teve um janeiro mais seco que o de 2024 foi em 1998, há 26 anos, quando foram apenas 72,7 milímetros. Três anos antes, em 1995, a cidade registrou volume ainda menor, 70,6 milímetros.

Além de estar provocando escassez de chuvas nas regiões central e norte do Estado, o El Niño faz com que sejam irregulares.  Na estação do Carandá Bosque, o volume de janeiro foi maior que na Embrapa, sendo a estação que serve de parâmetro para o comparativo com anos anteriores, chegando a 136 milímetros, mas mesmo assim muito abaixo da média histórica ou do que em janeiro do ano passado, quando a foram 328,6 milímetros.

Na Vila Progresso e no Jardim Panamá, porém, a quantidade foi bem menor, de apenas 82,2 e 74 milímetros, respectivamente. Na região do bairro Santa Luzia foi ainda pior, com apenas 59,2 milímetros. 

E a estiagem de janeiro, que tende a se prolongar por fevereiro, está longe de ser algo isolado.  Fenômeno parecido foi registrado também nos três meses anteriores, o que acende o sinal de alerta com relação aos mananciais de abastecimento durante o período de estiagem, que geralmente começa a partir de maio. 

Em outubro, por exemplo, a estação da Embrapa registrou apenas 15,4 milímetros, o que é 90% abaixo da média histórica para aquele mês de 148 milímetros, conforme dados do Cemtec (Centro de Monitoramento de Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul)

No mês seguinte, a situação foi um pouco melhor, chegando a 114 milímetros, mas mesmo assim aquém do esperado, que é de 206. Em dezembro, apesar da irregularidade, a estação que serve de parâmetro registrou 210 milímetros, o que um pouco acima da média, que é de 206. Na região do bairro Santa Luzia, contudo, foram apenas 140, ficando 32% abaixo da média. 

Embora em algumas cidades tenham ocorrido chuvas mais abundantes tanto em janeiro quanto nos meses anteriores, os dados do Cemtec mostram que a escassez é ampla. Em dezembro, dos 48 municípios analisados pelo Cemtec, nove tiveram chuvas acima da média e 39 tiveram chuvas abaixo da média histórica. 

Em novembro a situação foi parecida. Dos 46 municípios analisados, 11 tiveram chuvas acima da média histórica, 35 registraram chuvas abaixo da média histórica.  Em outubro, por conta de algumas frentes frias que beneficiaram o sul do Estado, a situação foi um pouco melhor. Dos 45 municípios que englobaram a análise,  16 tiveram chuvas acima da média histórica, 29  tiveram chuvas abaixo do esperado. 

Por conta desta irregularidade e escassez das precipitações, produtores tiveram de replantar mais de 243 mil  hectares de soja tiveram de ser replantados, o que equivale a quase 6% da área total prevista para o Estado. Além disso, a falta de chuva está afetando, até agora, pelo menos 16% das lavouras (717 mil hectares), conforme dados da Aprosoja. 

 

- CE